sexta-feira, 10 de junho de 2011

Ela andava pela rua...

...com uma certa soberba.Sim, ela se amava! se amava tanto que nem fazia questão de olhar para os outros na rua, achando que aqueles mortais não mereciam a direção de seu olhar de Medusa.
Andava com nojo das ruas...não se permitia descer do salto nunca, não se permitia chorar nunca.Achava que chorar era pra os fracos.
Com mãe e pai ricos, achava que não precisava de mais nada na vida.Pai e mãe ricos de mentira.Era pobre, pai desempregado e mãe trabalhando como manicure, o emprego que ela mais odiava na vida.
Andava pela rua, sem dinheiro no bolso.Mas tinha andar de rica, rica de arrogância.
Olhou para cima e viu nuvens cinzas escondendo o belo sol que havia aparecido naquela manhã,o que ela não esperava. Sentiu o ímpeto de correr, mas foi inútil:estava longe de casa, sem o dinheiro do ônibus ou taxi, e com uma bela tempestade prestes a desabar em sua cabeça.Mais especificamente em sua chapinha recém-feita.
Nisso, andou com a mesma desenvoltura de antes, queixo erguido. a chuva começou a engrossar, e ela ali, andando pela rua de salto e de nariz empinado pelas poças de água.Aconteceu o que deveria acontecer , tomou uma queda , sujou toda sua roupa rosa na lama marrom da poça. Ninguém a sua volta, só a chuva, a vergonha e seu salto quebrado.De repente, sente como se uma mão estivesse se entendendo à sua frente, e agarrou-se à essa mão imaginária que a fez levantar, pegou-a pelo braço e levou-a a andar sem sapatos na chuva.Sentiu como se estivesse livre de todo o peso que sempre carregou nas costas, era o peso das mentiras.Ela estava chorando.




Será que toda a sua soberba havia sido deixada na poça de lama, ou saiu em suas lágrimas?

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