...com uma certa soberba.Sim, ela se amava! se amava tanto que nem fazia questão de olhar para os outros na rua, achando que aqueles mortais não mereciam a direção de seu olhar de Medusa.
Andava com nojo das ruas...não se permitia descer do salto nunca, não se permitia chorar nunca.Achava que chorar era pra os fracos.
Com mãe e pai ricos, achava que não precisava de mais nada na vida.Pai e mãe ricos de mentira.Era pobre, pai desempregado e mãe trabalhando como manicure, o emprego que ela mais odiava na vida.
Andava pela rua, sem dinheiro no bolso.Mas tinha andar de rica, rica de arrogância.
Olhou para cima e viu nuvens cinzas escondendo o belo sol que havia aparecido naquela manhã,o que ela não esperava. Sentiu o ímpeto de correr, mas foi inútil:estava longe de casa, sem o dinheiro do ônibus ou taxi, e com uma bela tempestade prestes a desabar em sua cabeça.Mais especificamente em sua chapinha recém-feita.
Nisso, andou com a mesma desenvoltura de antes, queixo erguido. a chuva começou a engrossar, e ela ali, andando pela rua de salto e de nariz empinado pelas poças de água.Aconteceu o que deveria acontecer , tomou uma queda , sujou toda sua roupa rosa na lama marrom da poça. Ninguém a sua volta, só a chuva, a vergonha e seu salto quebrado.De repente, sente como se uma mão estivesse se entendendo à sua frente, e agarrou-se à essa mão imaginária que a fez levantar, pegou-a pelo braço e levou-a a andar sem sapatos na chuva.Sentiu como se estivesse livre de todo o peso que sempre carregou nas costas, era o peso das mentiras.Ela estava chorando.
Será que toda a sua soberba havia sido deixada na poça de lama, ou saiu em suas lágrimas?
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